À medida em que o RH tem assumido uma posição cada vez mais estratégica nas empresas, uma nova tendência ganha força no departamento: os fusion teams. Se antes, os times multidisciplinares eram uma exclusividade de outras áreas, como a de TI, hoje são uma realidade para a gestão de pessoas.
O fusion team propõe uma nova forma de entregar valor. Em vez de organizar o trabalho por responsabilidades, esses times são criados para trazer soluções e entregar resultados de maneira rápida e efetiva. O crescente uso do People Analytics na área de recursos humanos também evidencia essa necessidade de unir gestores de pessoas a profissionais com habilidades voltadas à captação e análise de dados e especialistas em tecnologia.
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Um dos principais diferenciais dos times mistos é a capacidade de se adaptar às diferentes necessidades de cada projeto. No caso do RH, por exemplo, profissionais de tecnologia, como cientistas de dados, engenheiros de softwares e UX designers, trazem a expertise analítica, enquanto os gestores de pessoas contribuem com seu olhar humanizado e voltado para a cultura organizacional.
“Equipes multidisciplinares são fundamentais para o sucesso de projetos, da criação de criatividade e inovação. Sem diversidade, praticamente não há inovação”, diz o designer organizacional Thiago Mota, sócio fundador do Novo Expediente, mentor do scale up pelo MIT e formado em relações internacionais, com MBA em gestão de negócios pela FGV.
Apesar de ser uma tendência relativamente recente no Brasil, os times multidisciplinares já são uma estratégia consolidada lá fora. Dados da consultoria Gartner mostram que pelo menos 84% das empresas e 59% das entidades governamentais norte-americanas investiram nos fusion teams. Ainda de acordo com o instituto, ações que acontecem com o envolvimento de profissionais de áreas diferentes progridem até 2,5 vezes mais rápido do que esforços centralizados em um único grupo de colaboradores.
No cenário atual, que estabelece uma inegável pressão para agilizar a transformação digital nas organizações, os dados explicam por que os fusion teams representam uma peça-chave tanto para empresas que buscam conquistar novos resultados quanto para as que querem experimentar os benefícios do trabalho de forma integrada e do senso de propósito compartilhado.
“Estamos vivendo um momento de mudança nas organizações. Os modelos tradicionais não mais atingem expectativas e necessidades estratégicas do negócio como no passado. A área de TI precisou se colocar no lugar de protagonista para poder contribuir com o resultado geral da companhia. Habilidades e perspectivas variadas dão suporte umas às outras e geram melhores resultados”, explica Rafael D’Alessandro, CEO da IBlue Consulting, especializada em otimização digital e consultoria de TI.
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O projeto "Disseminação da Cultura de Dados em RH", do Hospital Albert Einstein, é um exemplo bem-sucedido de fusion teams. O hospital usa os dados dos colaboradores para aprimorar, avaliar e guiar as ações.
Em entrevista ao blog da Flash, Marcos Vinicius Lopes de Miranda, gerente de planejamento, analytics e remuneração da instituição, contou como uma equipe multidisciplinar foi o motor de sucesso da iniciativa, vencedora da categoria People Analytics no prêmio Think Work Flash Innovations, que está com inscrições abertas até 16 de junho.
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Um dos principais entraves para o desenvolvimento de uma equipe multidisciplinar está na cultura organizacional de uma empresa. Afinal, não adianta apostar em um time multidisciplinar se a companhia não oferecer a autonomia necessária para que ela trabalhe.
“Toda organização precisa estar orientada ao sucesso do produto e não mais à projetos espalhados pela companhia. Não adianta nada o time entregar um produto fantástico se ele precisa de 5 níveis de autorização para colocar em produção”, diz Rafael D’Alessandro.
Outro ponto desafiador é a necessidade de um mindset corporativo voltado para a entrega de valor e não focado no comando de controle tradicional.
“Ao trazer pessoas de diferentes backgrounds e perspectivas para trabalharem juntas, os fusion teams pedem um tipo diferente de liderança com responsabilidades no planejamento, na produção e na entrega das soluções”, ressalta o especialista
Para desenvolver um sistema próprio de RH, que atendesse às necessidades específicas da empresa, a O2B, empresa especializada no desenvolvimento de ecossistemas e tecnologia de sustentação em clouds, recorreu ao fusion team. Trabalhamos com modelos de contratos diferentes, como o CLT e o PJ, mas no mercado encontramos mais sistemas voltados para CLT”, explica Fabiana Araújo, gestora de RH e do Financeiro da empresa.
Para a líder, a experiência de trabalhar com uma equipe híbrida, formada por profissionais de Recursos Humanos, Finanças e TI, tem sido enriquecedora. “Minha equipe aprende muito a simplificar as coisas com eles. É complexo simplificar e unificar as atividades, mas o TI nos apoia muito nesse desafio”, afirma.
Integração de habilidades, aliás, também é a palavra-chave para a equipe liderada por Fabiana. Embora não seja um fusion team convencional, seu departamento une habilidades dos profissionais que fazem a gestão de pessoas com as de quem cuida das finanças da empresa. E, para ela, esse perfil multidisciplinar facilita a tomada de decisões e a criação de um ambiente integrado na companhia de tecnologia.
“Os profissionais do RH trazem escuta ativa e empatia, enquanto os do financeiro possuem um pensamento mais crítico e analítico. Ambas as áreas compartilham de ética e confidencialidade, essenciais para a resolução de conflitos e relacionamentos interpessoais. Esse conjunto de habilidades complementares nos ajuda a tomar decisões assertivas de forma ágil, em um ambiente seguro e de fácil comunicação e informação”, diz.
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