O pedido de demissão pelo funcionário é um ato que encerra o contrato de trabalho entre o empregado e a empresa. Trata-se de uma decisão pessoal e voluntária do trabalhador, que pode ocorrer por diversos motivos.
No pedido de demissão é importante que tanto o empregador quanto o empregado estejam cientes das implicações e procedimentos envolvidos na rescisão do contrato de trabalho.
O pedido de demissão formaliza o encerramento do vínculo empregatício, A partir dele, a empresa precisa realizar diversas ações, inclusive o pagamento das verbas rescisórias. Nas verbas rescisórias constam valores como as férias vencidas e proporcionais, o décimo terceiro proporcional, entre outros direitos adquiridos ao longo do tempo de serviço.
Além disso, em alguns casos, o colaborador precisa o aviso prévio, conforme o contrato de trabalho e a legislação trabalhista. Durante esse período, que geralmente é de 30 dias, o empregado continua a exercer suas funções na empresa.
Existem algumas dúvidas comuns que podem surgir nesse processo, como a forma de calcular as verbas rescisórias ou os requisitos para o recebimento do seguro-desemprego.
Neste artigo, listamos algumas respostas que podem auxiliar o RH a lidar com o pedido de demissão dos colaboradores. Acompanhe a leitura e entenda como agir diante de um pedido de demissão e as principais dúvidas sobre pedidos de demissão.
Quando um funcionário pede demissão, é importante seguir um conjunto de procedimentos. Cada uma dessas etapas garante que a rescisão contratual seja realizada de forma legal, transparente e profissional.
Uma abordagem profissional e respeitosa ao lidar com pedidos de demissão contribui para manter boas relações entre a empresa e os ex-colaboradores.
Confira os 12 passos a serem seguidos quando um funcionário pede demissão:
Inicialmente, realize o aceite formal do pedido de demissão do funcionário. Isso pode ser feito por escrito, como um e-mail ou carta, confirmando que o pedido foi recebido e aceito.
Verifique o prazo de aviso prévio estipulado no contrato de trabalho ou pela legislação trabalhista. O aviso prévio é o período durante o qual o funcionário deve continuar a trabalhar antes de encerrar o contrato.
Calcule as verbas rescisórias devidas ao funcionário. Isso inclui o pagamento de salário pelo período de aviso prévio, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, entre outros direitos adquiridos.
Providencie o pagamento das verbas rescisórias dentro dos prazos legais estabelecidos pela legislação local. Isso inclui o pagamento de valores devidos em dinheiro e a entrega dos documentos necessários.
Anote a data de saída do funcionário na CTPS e efetue os devidos registros. Devolva a CTPS ao funcionário, juntamente com a documentação necessária para a rescisão.
É necessário comunicar ao Ministério do Trabalho ou a órgãos governamentais a rescisão do contrato de trabalho. Certifique-se de cumprir as obrigações legais nesse sentido.
Após a homologação, o RH pode comunicar ao Ministério do Trabalho sobre a rescisão. Isso é parte do processo de registro das informações trabalhistas.
Prepare e entregue ao funcionário a documentação de rescisão. Ela inclui o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) e o comprovante de pagamento das verbas rescisórias.
Forneça informações ao funcionário sobre os direitos que possam estar vinculados à rescisão. Como acesso ao seguro-desemprego ou planos de previdência privada.
Solicite ao funcionário que devolva quaisquer ativos da empresa, como equipamentos, crachás, chaves, documentos, entre outros.
No último dia de trabalho do colaborador, encerre o acesso a sistemas, contas de e-mail e outros recursos da empresa que não sejam mais necessários. Em alguns casos, é possível programar data e hora para que essa suspensão seja feita de forma automática.
Realize uma despedida profissional respeitosa e cordial, agradecendo ao funcionário pelo seu tempo na empresa e desejando-lhe sucesso em seus futuros empreendimentos.
Realize uma conversa de saída para obter feedback construtivo sobre a experiência do funcionário na empresa. Isso pode ajudar a melhorar o ambiente de trabalho para os demais colaboradores.
As informações fornecidas pelos colaboradores no pedido de demissão são valiosas. O RH pode reforçar questões na empresa como diversidade e inclusão, satisfação dos funcionários e benefícios flexíveis, por exemplo.
Mas lembre-se: essa reunião de feedback só deve ser realizada se o colaborador concordar.
A carta de pedido de demissão é um documento formal que notifica o empregador da intenção do empregado em deixar a empresa. Essa carta deve ser escrita de forma clara, incluindo informações importantes e detalhadas, como:
Um modelo de carta de demissão é um documento pré-formatado. Ele fornece uma estrutura e um exemplo de como um funcionário deve redigir uma carta formal de renúncia ao emprego. Esse modelo é uma ferramenta útil para funcionários que desejam comunicar sua intenção de deixar a empresa de forma profissional e organizada.
Para o RH, o modelo de carta de pedido de demissão ajuda a padronizar as demissões, economizando tempo e facilitando a documentação. Ao utilizar um modelo, é possível evitar erros e omissões de dados. Esse documento também serve como orientação sobre como proceder com o pedido de demissão aos funcionários.
Abaixo, digitalizamos o modelo de carta de demissão simples, para copiar e personalizar conforme as necessidades da sua empresa.
[Seu Nome]
[Seu Endereço]
[Cidade, Estado, CEP]
[Data]
[Nome do Empregador ou Responsável pelo RH]
[Nome da Empresa]
[Endereço da Empresa]
[Cidade, Estado, CEP]
Prezado(a) [Nome do Empregador ou Responsável pelo RH].
Por meio desta carta, venho oficializar meu pedido de demissão do cargo de [seu cargo] na [nome da empresa], com efeito a partir de [data de saída, geralmente 30 dias após a data da carta].
Esta decisão foi tomada após uma cuidadosa reflexão e consideração de meus objetivos pessoais e profissionais. Agradeço pela oportunidade de fazer parte da equipe e por todo o apoio que recebi durante meu tempo aqui.
Estou comprometido(a) em trabalhar em conjunto para garantir uma transição suave e eficiente durante o período de aviso prévio. Estou à disposição para ajudar a treinar meu substituto e concluir projetos pendentes.
Agradeço mais uma vez por tudo e desejo muito sucesso à [nome da empresa] no futuro.
Atenciosamente, [Seu Nome]
Outros modelos conhecidos são a carta de demissão com motivo de saída e a carta de demissão sem cumprimento do aviso prévio. Nesse caso, esclarecer o motivo de demissão é opcional, já a intenção de não cumprir o aviso prévio deve ser documentada.
Com o intuito de orientar o processo de demissão, listamos abaixo as obrigações por parte da empresa e do colaborador ao pedir demissão.
O artigo 487 da CLT estabelece que o aviso prévio é sempre obrigatório na rescisão do contrato de trabalho. A duração do aviso prévio depende do tempo de serviço do empregado e pode variar de 30 dias a 90 dias.
A Lei 12.506/2011 estabelece que o aviso prévio deve ser proporcional ao tempo de serviço. Também é previsto o acréscimo de 3 dias por ano trabalhado, até o limite de 90 dias.
Esse período pode ser reduzido caso o empregador não deseje que o empregado cumpra todo o aviso. Nesse caso, a empresa deverá pagar uma indenização correspondente ao período não trabalhado.
Embora não seja uma obrigatoriedade estabelecida por lei, a carta de demissão é comum para formalizar o pedido de demissão. Essa carta é uma forma de documentar o pedido e estabelecer uma data para o término do contrato de trabalho.
A NR-7 determina que o exame demissional é obrigatório para todos os empregados que foram submetidos a exames médicos admissionais e periódicos durante o período de vigência do contrato de trabalho.
Esse exame traz respaldo jurídico para a empresa uma vez que atesta as condições de saúde ao encerrar o contrato de trabalho. Para o colaborador é uma oportunidade de avaliar sua saúde antes de sair da empresa.
O cumprimento das regulamentações de saúde ocupacional contribuiu para evitar possíveis penalidades legais relacionadas à saúde e segurança no trabalho.
De acordo com o Art. 477 da CLT, a empresa deve calcular e pagar as verbas rescisórias ao funcionário no prazo estipulado pelo contrato de trabalho. O não cumprimento dessas obrigações pode resultar em penalidades legais para a empresa. Como multas, juros e correção monetária, a reintegração do funcionário ou até ações judiciais.
A Lei do Aviso Prévio e a CLT são as bases legislativas que estabelecem as diretrizes a respeito do pedido de demissão. Mas afinal, como fica o pedido de demissão com a nova lei e o direito ao seguro desemprego? A nova lei trabalhista sobre o pedido de demissão e o saque de FGTS estabeleceu o consenso entre empregado e empregador.
Isso significa que, perante acordo, é possível retirar metade da multa de 40%, metade do aviso prévio indenizado ou trabalhado e até 80% do valor do FGTS. Ainda não há novas diretrizes sobre o seguro-desemprego, não pago no pedido de demissão voluntário por parte do empregado.
O cálculo do pedido de demissão de um funcionário envolve a determinação das verbas rescisórias a que ele tem direito. Listamos a seguir a calculadora do pedido de demissão, confira.
Divida o salário mensal pelo número de dias do mês e multiplique pelo número de dias trabalhados até a data da demissão.
Defina o prazo do aviso prévio e divida o salário base pelo número de dias úteis no mês (normalmente 30 dias) para obter o valor diário.
Se o funcionário tiver férias vencidas, o valor correspondente a essas férias.
Se o funcionário não tiver tirado todas as férias ele terá direito a férias proporcionais. O cálculo é feito com base na proporção de meses trabalhados.
O 13º salário é calculado com base na proporção de meses trabalhados durante o ano. Para o cálculo do 13º salário proporcional, divida o valor do 13º salário anual pelo número de meses do ano e multiplique pelo número de meses trabalhados.
No caso de pedido de demissão, o funcionário tem direito a sacar o saldo de sua conta do FGTS, mas não recebe a multa de 40% sobre o saldo. Apenas o saldo do FGTS é pago.
Verifique se o funcionário tem direito a outros benefícios, como comissões, prêmios, entre outros.
Considere quaisquer deduções que devem ser feitas, como descontos por adiantamentos salariais não quitados.
Some todas as verbas rescisórias calculadas e subtraia as deduções, se houver. O resultado é o valor total a ser pago ao funcionário no pedido de demissão.
O pedido de demissão é um processo importante tanto para o funcionário quanto para a empresa. Envolve diversos aspectos legais e financeiros que podem gerar dúvidas. Neste FAQ, responderemos a algumas das perguntas mais comuns relacionadas ao pedido de demissão.
Em geral, as horas extras acumuladas no banco de horas devem ser pagas ao funcionário. Outra opção é abater essas horas do período de aviso prévio, se acordado entre as partes.
Instrua o colaborador sobre como sacar o FGTS por pedido de demissão. É possível sacar o FGTS em uma agência da Caixa Econômica Federal, apresentando a carteira de trabalho e algum documento de identificação com foto. Ou através do cadastro no aplicativo da Caixa.
O funcionário só pode sacar o FGTS em duas situações: quando é demitido ou quando faz um pedido de demissão consensual, também conhecido como demissão de acordo comum. A partir desse acordo o funcionário tem direito a 80% do FGTS e 50% do total das verbas rescisórias.
Quando um funcionário pede demissão durante o período de experiência, geralmente não há a necessidade de cumprir o aviso prévio. A menos que isso esteja especificado no contrato de trabalho.
O funcionário tem o direito de pedir demissão durante esse período sem penalidades. A empresa, por sua vez, também pode rescindir o contrato durante o período de experiência sem justa causa. E sem a obrigação de pagar aviso prévio indenizado.
Não, o fato de um funcionário pedir demissão após apenas 3 meses de trabalho não suja a sua carteira de trabalho. A expressão "sujar a carteira" refere-se a ter registros negativos, como faltas graves, demissões por justa causa ou infrações sérias.
Quando um funcionário pede demissão após retornar de suas férias, ele tem direito a receber as verbas rescisórias proporcionais ao tempo trabalhado. Isso inclui o saldo de salário, férias proporcionais e 13º salário proporcional. O valor exato depende do tempo efetivamente trabalhado após as férias e das políticas da empresa.
O prazo para receber as verbas rescisórias é de até 10 dias após o término do contrato ou durante o aviso prévio.