A palestra Programa de trainee para negros Magalu: o Making-of foi realizada durante a tarde do quarto dia do RH Summit 2021. O painel contou com a presença de Paula Sales, coordinator e project manager for social repairing na 99jobs, e com a curadoria de Beto Cintra. A palestra teve como foco explicar algumas das dinâmicas por trás do programa Trainee Magalu 2021, voltado exclusivamente para pessoas negras.
Durante o painel, foram explicitados alguns dos processos envolvidos no programa. A 99jobs construiu toda estratégia de seleção e comunicação, preocupando-se com a diversidade e a representatividade em todos os momentos, desde a fase de seleção até os processos finais.
Para esse projeto, a equipe da 99jobs trabalhou com funcionários negros da Magalu, assim como com consultorias especializadas na causa racial, validando todas as decisões de comunicação com as pessoas inseridas no meio.
“Quando a gente fala de um programa que vai acelerar a carreira de pessoas negras, a gente precisa preparar bem essa comunicação para que o público realmente se conecte” – Paula Sales
Ter essa preocupação fez com que mais pessoas conseguissem se identificar com as comunicações do programa, segundo Paula Sales. O resultado, de acordo com a profissional, foi melhor do que o esperado, gerando um grande número de pessoas inscritas e de discussões sobre o assunto.
Para a profissional, o projeto realmente abriu um debate público sobre o papel das políticas afirmativas dentro do mercado de trabalho, fazendo com que muitas empresas que estavam com medo de se expor e sofrer com reações negativas perdessem esse receio.
“Quando discussões acontecem, tabus são quebrados” – Paula Sales
Quando o assunto são políticas de ações afirmativas no Brasil, é natural que empresas encontrem algum tipo de resistência, ainda mais enquanto levantam uma bandeira de maneira tão explícita. De acordo com a profissional, a ausência do letramento racial é uma das principais causas para esse problema.
Sales explica que muitas pessoas ainda não enxergam a importância da equidade e das políticas de afirmação, mas lembra que esse foi um movimento completamente respaldado pelo Ministério do Trabalho.
Esse foi um projeto pioneiro, o primeiro do tipo no Brasil. Por isso, Sales alerta para a necessidade de um preparo interno dentro de empresas que desejam implementar políticas parecidas.
“Não dá para incluir a diversidade de forma responsável se isso não for parte da cultura da empresa” – Paula Sales
Esse preparo pode ser feito por meio de rodas de debate, palestras e treinamentos. Durante a palestra, foram salientados, ainda, alguns dos empecilhos que profissionais de RH podem encontrar quando decidem lutar por mais igualdade em suas respectivas empresas.
O primeiro obstáculo diz respeito à dificuldade que gestores e lideranças têm para enxergar a diversidade como um movimento estratégico para o negócio. Cabe, portanto, aos times de RH mostrarem as melhorias financeiras que tal mudança pode proporcionar.
O segundo empecilho diz respeito ao público em geral, que pode se sentir excluído ou injustiçado por uma política afirmativa. Dessa forma, empresas precisam estar respaldadas legalmente para lidar com qualquer tipo de ação judicial, além de promover a capacitação de seu público interno com o objetivo de lidar com os questionamentos.
Por último, equipes de RH podem sentir dificuldades até mesmo com candidatos que se adequam às políticas afirmativas, mas duvidam da genuinidade da iniciativa. Por isso, a profissional salienta que as empresas precisam aplicar medidas que promovam a tolerância e o respeito às diferenças em seu cotidiano. Dessa forma, será possível assegurar um ambiente de trabalho seguro para pessoas em situação de vulnerabilidade social.