Já se foram os dias em que o salário era o maior diferencial que uma empresa poderia oferecer para atrair e manter os talentos. Não só a disputa por profissionais qualificados está maior, como as pessoas esperam muito mais do que o contracheque como recompensa por seu trabalho. O próprio conceito de carreira mudou.
Se, antes, os profissionais passavam anos na mesma organização, essa está longe de ser a expectativa da maior parte das pessoas hoje. Com novas e mais opções para ganhar dinheiro, elas vão construindo sua trajetória profissional sem depender tanto de grandes corporações.
Outra transformação significativa no mundo corporativo é o fato de as equipes serem mais diversas. Além do tradicional homem branco de classe média e pai de família, agora – e cada vez mais – fazem parte dos times pessoas jovens, acima dos 50 anos, que se identificam como LGBTQIA+, pretas, pardas, neurodivergentes, com deficiências etc.
Para essa geração de profissionais, os benefícios se tornaram um fator decisivo para trabalhar em uma organização. Uma pesquisa do Glassdoor apontava, já em 2016, que 60% dos respondentes consideravam os benefícios como o principal critério na hora de aceitar uma proposta de emprego. E que oito em cada dez empregados preferiam benefícios adicionais em vez de um aumento salarial.
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Esse cenário aumenta o desafio dos profissionais de recursos humanos. A grande questão é como ter uma carteira de benefícios que combine com os diversos perfis de pessoas dentro da empresa; seja diferente dos concorrentes para ser mais atrativo; e não custe caro – já que o RH precisa constantemente rever suas despesas. Com a inflação apertando os bolsos de todos, essa demanda passa a ser ainda mais urgente, à medida que o custo de vida sobe e faz os salários perderem seu valor.
Para as companhias, os benefícios podem ser uma forma de recompensar os funcionários sem aumentar o custo da folha de pagamento. E, mais do que isso, um pacote bem pensado ajuda a organização a ser mais atrativa.
A urgência por novas formas de recompensa é tão grande que no último ano aumentou em 10% o número de companhias que têm ou estão trabalhando em uma estratégia de compensação, segundo uma pesquisa da Payscale.
Contudo, pouco mais da metade (53%) está confiante com seu pacote oferecido e três quartos esperam que o tema seja ainda mais desafiador em 2022.
Dados do prêmio Think Work Flash Innovations sugerem que o RH vem se esforçando para apresentar novos benefícios, mas há espaço para melhorias. Segundo a pesquisa, quase 75% das companhias pagam subsídios educacionais e 82% trabalham com benefícios flexíveis. Por outro lado, apenas 36% ajudam com um valor para a prática de atividades físicas e 27% gratificam por comportamentos e atitudes diferenciadas.
Benefícios ligados à saúde mental têm ganhado força nos últimos anos, sobretudo por causa da pandemia. O relatório da Payscale mostra que em 2021, apenas 7% das organizações tinham um programa de saúde mental ou bem-estar; hoje, passam de 65%.
Após a pandemia, também ganharam força as iniciativas voltadas a incentivar a mobilidade das pessoas. Na Paddle, uma companhia inglesa de software de pagamentos, os funcionários podem trabalhar até 45 dias fora do país.
Com a padronização do trabalho híbrido e remoto, os benefícios ligados à nova rotina se tornaram mais frequentes. A ajuda de custo para o home office passou de 8% para 15%, segundo a Payscale. E a quantidade de companhias adotando uma semana de 4 dias de trabalho subiu de 3% para 11%. Os dados mostram que mesmo os modelos de trabalho estão sendo repensados de forma a atender às necessidades e desejos dos profissionais.
Assim, o estado da arte em remuneração e benefícios passa por desenhar um pacote cada vez mais personalizado e alinhado com os anseios das pessoas – e que, ao mesmo tempo, reforce traços da cultura organizacional. Uma empresa que valoriza a autonomia deve, por exemplo, ter benefícios flexíveis que possam ser escolhidos pelos próprios funcionários. Já outra que preza pela qualidade de vida pode investir na flexibilidade do local e do horário de trabalho, inclusive adotando uma jornada mais curta.
Exemplos de personalização são a Starbucks, nos Estados Unidos, que criou um plano para cobrir os gastos com diploma de faculdade, já que emprega muitos jovens; e a PetLove, no Brasil, que desenhou licenças “peternidade” para os funcionários que adotam pets, além de recompensar os colaboradores com um plano de saúde para os animais.
Algumas companhias vão além e apostam em benefícios “diferentões”, que vão de coach de sono a viagens e shows com grandes artistas.
Porém, antes de inovar, é preciso oferecer o básico, como um salário justo e compatível com o mercado. De acordo com um relatório da Robert Half, os funcionários ainda valorizam o plano de saúde (especialmente se ele for extensível a familiares e incluir suporte à saúde mental), o odontológico e o oftalmológico. Licenças remuneradas, planos de aposentadoria e seguro de vida também trazem a sensação de segurança para as pessoas: um benefício essencial em um mundo em constante mudança.
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