Thais Narkevitz, gerente sênior de Marketing da DocuSign, trouxe uma pesquisa muito interessante na sua conversa com Jéssica Martins, realizada no quinto dia do RH Summit. O tema de sua palestra foi: Entenda o cenário da digitalização do RH globalmente e os caminhos possíveis para acelerar a sua transformação digital na sua área de gente.
Inicialmente, foi abordada a questão de como a digitalização pode ajudar o RH a se transformar. Um RH digitalizado passa por processos que vão além das ferramentas de tecnologia utilizadas; ele passa por uma transformação de cultura para que as mudanças possam ser bem-recebidas.
O setor precisa estar disposto a ser mais ágil, trazer inovação e entender os processos, e a cultura de tudo isso deve ser estimulada. É necessário que as empresas saibam lidar com o que acontece no mercado e incorporem essas modificações na sua rotina – e, consequentemente, na sua cultura.
A digitalização não é o futuro. A transformação digital já está acontecendo; hoje o mundo é digital. Somos atendidos por médicos em plataformas on-line e utilizamos bancos digitais, por exemplo.
A partir dessa digitalização da vida como um todo, fica claro que o nosso lado profissional também deve estar agregado a isso. O RH precisa ter uma cultura de agilidade e inovação para incorporar as mudanças e melhorias. Quando há um mindset direcionado para digitalização, é possível ver melhorias contínuas no negócio.
Muitas empresas, no início da transformação digital, investiram muito dinheiro em tecnologia e ferramentas de digitalização. Infelizmente, grande parte desses investimentos não trouxeram resultados, já que a cultura do digital não tinha sido desenvolvida nessas organizações.
Em relação à pesquisa apresentada na palestra, foram citados alguns pontos importantes. A grande descoberta foi a relação clara entre a cultura de digitalização e como ela impacta a agilidade de reação das empresas às grandes mudanças – inclusive no aspecto da Covid-19.
O objetivo do estudo foi entender os principais desafios e gargalos do departamento de Recursos Humanos, bem como saber como anda o uso de soluções e ferramentas de RH dentro das empresas. A pesquisa teve uma amostra de 1.068 entrevistados, e os dados foram coletados em novembro de 2020.
A maioria das empresas entrevistadas possuem entre 500 e 5 mil funcionários. Em geral, elas têm de 11 a 50 profissionais de RH, como gerentes, líderes e contribuidores individuais. Mais de 80 dessas empresas são brasileiras.
Um dos principais dados levantados é que os departamentos de RH estão atolados em processos. No Brasil, por exemplo, 45% deles processam entre 101 e 500 contratos por mês.
O volume de trabalho é muito grande, e infelizmente a parte operacional ainda se destaca com tarefas como preenchimento de formulários, inserção de dados em sistema e coleta de assinaturas.
Além disso, quando se olham as prioridades e tendências do RH, é possível observar que o setor deseja implementar novas ferramentas e soluções da digitalização. Porém, as suas atribuições e obrigações não seguem o mesmo direcionamento.
O RH deseja implementar soluções que poderiam agregar muito mais para a empresa e seus negócios, trazendo resultados ainda mais rápidos, mas está preso às funções operacionais.
“Embora alguma digitalização já tenha acontecido, 92% dos entrevistados no Brasil não estão aproveitando totalmente suas soluções” – Thais Narkevitz
Não basta ter a tecnologia, as ferramentas, as soluções e os softwares. É preciso mudar a cultura da empresa para que ela favoreça a adoção do digital. A cultura é extremamente importante, assim como o planejamento estratégico e o desenvolvimento dos colaboradores.
A pesquisa apresentada também demonstrou que 35% dos entrevistados encaram o RH como uma área meramente executora. O grande problema disso é que, quando o RH não é eficiente, apenas executando tarefas, ele não pode ser estratégico.
Um RH executor realiza meramente um trabalho voltado ao cumprimento de atividades. Já o RH estrategista está mais digitalizado e tem uma visão mais abrangente de como pode contribuir para a empresa.
Quanto mais estratégicos são os profissionais do RH, mais a questão da satisfação e da produtividade dos funcionários ganha relevância na atuação. Além disso, profissionais de RH que se consideram executores também acabam tendo uma atuação menos focada no desenvolvimento e atração de talentos.
Por meio de estratégias bem-definidas, é possível agregar muito mais valor para empresa. Tudo isso com a utilização do digital como ferramenta para aumentar a eficiência e obter maior satisfação dos colaboradores.
A visão de estratégia e de digitalização também ajudou as empresas a responderem mais rapidamente a cenários como o de Covid-19, por exemplo. A transição foi feita de forma mais fluida por meio de um RH mais estratégico e digitalizado.
Algumas dicas para começar o processo de digitalização nas empresas são fazer um diagnóstico da organização e reconhecer os gargalos existentes. Começando pequeno e evoluindo as estratégias por meio da tecnologia, pode-se fazer grandes diferenças.
Também é interessante traçar um MVP e, então, envolver a empresa como um todo (gerentes, líderes, executivos, TI, entre outros). Todos devem ser defensores da mudança.
Para fortalecer a cultura da digitalização e engajar os colaboradores, é preciso mostrar valor. É essencial explicar e provar porque a digitalização pode ajudar os processos e fazer com que a empresa tenha mais sucesso.
“Todos somos agentes da transformação digital” – Thais Narkevitz