Rodrigo Neves, COO da Onze, e Sergio Povoa, CHRO da OLX, trouxeram um bate-papo muito interessante para o quarto dia de RH Summit. O tema da palestra foi Como a OLX tem resolvido os desafios de engajamento dos talentos em tecnologia? e curadoria ficou a cargo de Jéssica Martins, que também é âncora do evento.
O primeiro a falar foi Sergio Povoa, que fez uma reflexão sobre os desafios da gestão de pessoas na OLX durante o momento pandêmico, justamente quando a empresa passava por um processo de integração com outro grupo.
Segundo ele, o papel do RH teve que ser ainda mais estratégico neste momento. A questão da digitalização foi muito importante, sendo preciso garantir que o calor das duas empresas, que estavam se unindo, fosse sentido mesmo com procedimentos totalmente on-line.
Essa união fez com que uma nova cultura tivesse que ser inserida, a qual se torno muito mais colaborativa.
Além disso, a pandemia gerou uma necessidade de proteger e cuidar dos colaboradores. Foi necessário focar em deixar as pessoas felizes, com o emprego garantido e a saúde mental em dia. Somente assim foi possível deixar os funcionários engajados com a empresa.
Em relação à atração de profissionais de tecnologia em um mundo corporativo tão exigente, foi ressaltado que na OLX as pessoas acabam ficando mais do que o tempo médio no mercado de trabalho, o que é um orgulho para a empresa.
Os profissionais, com destaque aos de tecnologia, precisam saber que a empresa oferece um ambiente seguro, autonomia e um pacote de benefícios flexíveis, por exemplo. Eles também querem se sentir integrados.
Segundo Sergio, mais de 300 pessoas foram contratadas pela OLX durante a pandemia. Por conta de processos de RH bem-estruturados, a empresa tem recebido feedbacks muito positivos sobre as boas-vindas aos novos colaboradores, mesmo com todo o processo sendo on-line.
Tudo isso ainda precisa se somar a muita transparência. O colaborador, principalmente o que atua na área de tecnologia, deseja ter espaço para crescer na empresa de maneira rápida.
Assim, ele se dispõe a entregar o melhor de si, anulando a questão da retenção. Afinal, a empresa quer engajar os profissionais e deixá-los felizes na jornada de carreira mais do que retê-los.
No seu momento de fala, Rodrigo comentou que muitas questões relacionadas à pandemia afetaram os profissionais brasileiros. O aumento das pessoas com burnout e estresse, ansiedade foi mencionado.
Assim, o RH foi chamado para a ação. É preciso que ele faça da empresa um ambiente de bem-estar, onde as pessoas estejam engajadas. Para isso, o setor pode contar com uma série de ações estratégicas, como a transformação da estrutura dos benefícios oferecidos aos colaboradores.
Os benefícios são o porto seguro dos profissionais. Com eles, é possível criar uma relação de confiança de que a parceria tem intenção de ter um longo prazo. A empresa não deve se colocar apenas como mantenedora financeira, mas também como uma parceira de longa duração.
Dessa forma, o profissional vai se sentir muito mais seguro para elevar e entregar o seu desempenho ao máximo, porque, assim, ele vai acreditar na cultura e nos valores que a empresa possui.
O palestrante comentou que uma pesquisa com cinco mil brasileiros foi realizada há pouco tempo pela empresa. Os dados foram surpreendentes e demonstraram o que a pandemia causou na vida das pessoas nos últimos 12 meses.
Para 40% dos entrevistados, a renda total diminuiu, uma vez que foram demitidas, tiveram parentes demitidos, reduziram o seu volume de vendas nos próprios negócios, entre outros motivos.
Cerca de 80% das pessoas tiveram um aumento elevado de estresse nesse período, mas apenas 20% das pessoas procuraram um atendimento especializado, apoio psicológico ou algum outro suporte semelhante.
Em relação à fonte do estresse aumentado, 67% das pessoas responderam que o que mais as influenciou para que isso acontecesse foi a questão financeira. Achar que não vai conseguir pagar as contas faz com que haja uma sensação de insegurança e instabilidade.
Além disso, esse fator aumenta as chances de desenvolver outras doenças derivadas do estresse, até mesmo prejudicando a pessoa em relação a questões profissionais. O desempenho do colaborador é reduzido, assim como o engajamento, por exemplo.
Os impactos indiretos também foram sentidos, uma vez que a pandemia e o aumento do estresse acabam prejudicando a autoestima das pessoas, aumentando, dessa forma, os custos com planos de saúde, consultas médicas e terapia.
Portanto, fica claro que ter um bom pacote de benefícios não entrega apenas facilidades para o colaborador, mas muito mais do que isso, conforme a fala do COO da empresa Onze:
“Como a empresa está se posicionando ao lado desse colaborador, de fato, como parceira?” – Rodrigo Neves
Também foi mencionado que 70% das pessoas entrevistadas não receberam nenhum tipo de auxílio das empresas durante a pandemia. As empresas deveriam responder às questões do mundo de maneira equivalente e evoluir para entregar benefícios para os profissionais.
Os colaboradores precisam ser olhados de maneira muito mais ampla. Os benefícios deveriam ir para além de alimentação e transporte, contemplando academia, terapia e saúde financeira. Isso é cuidar, de fato, dos colaboradores.
Outro ponto que se destacou no fim da palestra foi a questão da saúde não só dos colaboradores, mas também de suas famílias. É preciso olhar para o profissional e para a sua família, até para que ele tenha mais segurança e mantenha um bom desempenho no trabalho.
Por fim, foi dito que um dos pilares da jornada do colaborador são os benefícios flexíveis, sem abrir mão de programas sempre centrados no colaborador.
É preciso garantir que a jornada passe por etapas de desenvolvimento profissional, formação de líderes, entre outras ações que visem qualificar e desenvolver o profissional.
Além disso, para atrair e engajar talentos, é preciso oferecer desafios, entregar autonomia e oferecer um rol acessível de benefícios. Assim, a empresa, mesmo que pequena, consegue se manter competitiva no mercado.