No começo da tarde do segundo dia de evento, Júlia Pacheco, head de soluções de RH na Crescimentum, apresentou a palestra BP | Nível mais conceitual. O assunto – business partner (BP) – foi tratado com maestria pela palestrante e pela curadora Jéssica Martins.
Os primeiros momentos da palestra foram pautados pela questão da importância e da influência do business partner para as organizações. Júlia trouxe uma reflexão sobre a necessidade de voltar para a base do conceito para que ele não se perca por conta de distorções.
“O termo BP realmente se popularizou com o passar do tempo, mas é bacana voltar para o seu conceito, pois houve muita distorção ao longo do caminho” – Júlia Pacheco
O business partner está a serviço de alinhar a gestão de pessoas realizada pelo RH com as estratégias de negócios. Ele funciona como elo entre os especialistas das demais áreas da empresa, fazendo com que tudo fique alinhado da forma correta e traga melhores resultados.
Além disso, esse profissional tem a responsabilidade de saber os movimentos de todas as áreas da empresa e deve conhecer os processos que precisam ser tratados de formas diferentes de acordo com os times, por exemplo.
Assim, o BP consegue desenvolver melhores soluções e processos e fazer as intervenções adequadas. Tudo isso é feito de maneira personalizada para entregar o que os clientes desejam.
Ao final da fala da palestrante, a curadora deu sua contribuição, salientando que o business partner precisa entender cada microquestão nas áreas da empresa e levar essas informações às áreas de apoio do RH, para que eles personalizem a sua atuação.
Durante a palestra, também foi abordada a questão da prática do profissional e de como ela acontece no dia a dia das empresas. Júlia comentou que há desafios grandes, especialmente no que tange à diferença de interesses entre os especialistas e as demais áreas.
Mesmo que os interesses sejam contraditórios, existe a possibilidade de fazer um trabalho conjunto entre todos os profissionais. O ideal é construir soluções com os clientes e com as outras equipes da empresa.
A crítica da palestrante é que, muitas vezes, o setor de RH passa meses desenvolvendo soluções para a realização de processos e, quando vai apresentá-los para as áreas de negócios, os resultados não são os esperados; as pessoas ficam frustradas e a solução não tem aderência.
Por isso, o mais interessante é unir todas as áreas e fazer um trabalho em conjunto em prol da agilidade e da eficiência das soluções apresentadas. Assim, o business partner atua exatamente para negociar os interesses das áreas de negócios com os especialistas de RH.
Além dos assuntos abordados até então, a curadora trouxe uma reflexão sobre a juniorização da cadeira do business partner, salientando que há uma grande importância em retirar os clichês que estão vinculados à posição.
É preciso dar as devidas atribuições ao cargo de BP, e não apenas utilizar a nomenclatura de maneira banalizada. Para isso, é importante que o profissional colocado nessa posição tenha o repertório e as vivências necessárias para assumir o posto.
É essencial que ele tenha maturidade profissional e uma carreira pautada por experiência antes de se tornar um business partner. O BP pode estar no início de sua carreira, mas já deve contar com vivências na área de RH para que possa fazer um trabalho de excelência.
A palestrante ainda comentou questões relacionadas a como se tornar um business partner. Ela salientou que, quando busca por um profissional da área, deseja que ele tenha experiências múltiplas em RH, conheça os desafios de seleção e recrutamento, entenda de avaliação de desempenho, saiba os desafios da liderança e conheça regras trabalhistas.
O trabalho como BP deve ser almejado como um objetivo de carreira. Primeiramente, é preciso estudar e ter experiências para depois atuar como BP de forma plena.
Júlia comentou que as experiências podem ser obtidas dentro da própria empresa que o profissional atua, não sendo necessário trocar de empresas para ter vivências de RH e contar com um conhecimento mais generalista da área.
Durante a palestra, também foi ressaltado que é preciso ter cuidado e atenção ao ver vagas de business partner sendo ofertadas. Caso as atribuições sejam majoritariamente operacionais, por exemplo, provavelmente o cargo oferecido não é o de BP.
A curadora questionou se o business partner, em uma posição estratégica dentro da empresa, também deve fazer atividades operacionais, e a palestrante respondeu que sim. O que muda no caso do BP é a falta de rotina, já que ele trabalha por projetos e por demandas.
Normalmente, esse profissional deve se reportar à liderança de RH, sendo ela um diretor gerente do setor. Porém, em empresas mais robustas, é possível que o cargo de gerente de BP já exista.
Para finalizar, foi trazido o assunto da mensuração do trabalho do business partner e se seria possível identificar resultados palpáveis na área. A palestrante comentou que esse também é um desafio, mas que existem estratégias para mensurar os resultados obtidos.
Uma delas é o Net Promoter Score (NPS), o qual é realizado para identificar o que as pessoas estão achando do trabalho do BP. Existem, ainda, projetos de colaboração em outras áreas da empresa.
Para a palestrante, ser um business partner é ter articulação, conhecer e entender as pessoas e suas necessidades, e não necessariamente trazer resultados palpáveis, mas viabilizá-los dentro das organizações.