O segundo dia do RH Summit contou com a presença de Valerya Borges, diretora de diversidade, equidade e inclusão na VMLY&R Brasil, que ensinou muito sobre as andanças e alterações da publicidade em relação à diversidade, equidade e inclusão de grupos historicamente oprimidos.
Valerya iniciou o bate-papo contando sobre o que, de fato, é equidade. Para isso, ela a caracterizou como sendo as formas de tratar de maneiras diferentes pessoas que tiveram oportunidades diferentes, para que assim cheguem ao mesmo lugar.
Ela ainda ressaltou que é uma equiparação, um nivelamento, acrescentando que, para isso, é necessário ter igualdade nas oportunidades. A palestrante considera que as três palavras que definem o seu cargo (diversidade, equidade e inclusão) são essenciais juntas.
“As empresas são feitas por pessoas, e são nelas que temos que focar" – Valerya Borges
Borges comentou que, para além da indústria publicitária, falar sobre esses três aspectos está diretamente ligado à estrutura social, acrescentando que ainda é necessário realizarmos diversos ajustes para que as coisas cheguem a seus devidos lugares. Também foi pautado que o Brasil ainda é um país extremamente racista, misógino, LGBTQIA+fóbico e capacitista.
“Se não está bom para todo mundo, está ruim para todos” – Valerya Borges
Durante a palestra, foi muito bem-lembrado que o RH Summit é um evento sobre pessoas!
Logo após, foi debatido de quais formas a diversidade entra como valor percebido no negócio. Valerya respondeu que tudo é sobre as pessoas; que o negócio deve falar com as pessoas. Ela ainda recorreu ao âmbito da Comunicação Social ao lembrar que, para que haja efetividade na comunicação, é necessário ter o entendimento de signos e códigos com o interlocutor; é necessário o estabelecimento de uma conexão.
Para que essa comunicação seja mais efetiva, é preciso que haja a criação de uma referência: quanto mais experiência e bagagens diferentes em uma equipe, melhor. Quanto mais diversidade, mais inovação, e isso diz respeito diretamente à rentabilidade do negócio.
“Do começo ao final, é sobre gente" – Valerya Borges
Valerya ressaltou que trazer a diversidade corporativa para dentro das empresas ainda é um sonho, mas que devemos buscar um retrato mais fiel da população. Quando uma pessoa pertencente a um grupo historicamente oprimido olha para o lado e se percebe, essa pessoa se torna mais feliz.
Ela ainda acredita que vivemos uma onda positiva de diversidade, e que isso é um caminho sem volta. Ainda pontuou que, com o advento da internet (essencialmente das redes sociais), os grupos oprimidos conseguiram ter acesso a canais alternativos à grande mídia, a qual não fornecia possibilidade desses grupos falarem anteriormente.
A palestrante observa que não é uma tentativa de “dar voz” a esses grupos, uma vez que eles sempre falaram, mas sim de ter essas vozes sendo ouvidas.
“Se você quer que eu tenha acesso a esse produto ou a esse serviço, fale comigo” – Valerya Borges
Quando questionada sobre o que é uma “maioria minorizada”, Borges pontuou que o termo “minorizado” tem relação com os espaços de poder. Esses grupos, independentemente da questão numérica, não possuem fácil acesso a esses espaços (de poder e decisão).
A sociedade ainda é dominada pela figura masculina, branca, cisgênero, heterossexual e sem deficiência, e disso dá origem ao racismo, à LGBTQIA+fobia e à misoginia. Em vista disso, a figura dos aliados é de extrema importância.
“Espero que daqui há quatro, cinco anos, eu olhe pro lado e me veja. Veja mais de mim, a comunidade LGBTQIA+, homens e mulheres trans trabalhando comigo” – Valerya Borges