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Quase todo mundo concorda que a área de recursos humanos deveria usar dados para lastrear suas decisões. O discurso, porém, é desconectado da realidade. Uma pesquisa realizada pela Think Work com a Falconi descobriu que quase 70% das empresas participantes são pouco ou nada orientadas a dados. E em 17% delas as decisões sobre gestão de pessoas são apenas baseadas na percepção e crença de líderes.
O principal problema disso é que as ações tomadas podem não ser as mais adequadas – afinal, nem sempre as percepções pessoais são confiáveis. A experiência de um gestor na companhia certamente será diferente da de um funcionário. Sem falar em fatores como gênero, área de atuação, idade e até tempo de casa, que também são determinantes na forma como cada um percebe o dia a dia do trabalho.
Sem dados, fica difícil entender o quão eficiente a empresa é. Muitas companhias, como revela a pesquisa da Think Work, não sabem o número de empregados em férias, as horas de treinamento por funcionário nem a quantidade de inscritos em vagas abertas. Desconhecem inclusive temas estratégicos, como a taxa de absenteísmo, o número de causas trabalhistas e o percentual da folha de pagamento sobre o faturamento da companhia. Em outras palavras, elas conhecem pouco do próprio negócio.
Nessa situação, os programas e ações do RH acabam sendo um tiro no escuro. Problemas sérios, como alto número de horas extras, podem acabar passando despercebidos e gerar alta em processos trabalhistas. Além disso, como saber se o investimento feito em programas de gestão de pessoas trouxe resultados, se não são avaliados? Ter uma cultura orientada a dados é importante para responder a questões como essa.
É possível extrair informação de qualquer tipo de dado. A princípio, pode parecer complicado descobrir como e quais números usar para tomar decisões. Por isso, nessa hora, o importante é começar pelo básico. Mas quais são esses indicadores?
O primeiro indicador de RH básico é o turnover, ou seja, a rotatividade de funcionários.
Ele é calculado dividindo a soma de admissões e demissões por dois e, depois, dividindo esse resultado pelo número total de funcionários. É possível usar a mesma regra para informações específicas, por exemplo: a rotatividade de em áreas específicas, por níveis hierárquicos ou por gênero.
Esse dado pode ajudar o RH a identificar problemas de retenção, de relacionamento e até de inclusão. Quando o número de demissões é maior em um departamento ou entre pessoas de uma minoria, isso é um sinal de problema. Com esse indicador, a empresa também fica sabendo se está conseguindo atrair funcionários e preencher as posições em aberto – uma necessidade urgente para muitos negócios. Uma pesquisa da consultoria WTW mostrou que 73% dos empregadores estão tendo dificuldade em atrair funcionários nos Estados Unidos, quase o triplo de 2020.
O segundo indicador básico é o custo total do funcionário, isto é, o quanto se gasta com salário, benefícios, tributos, contribuições sindicais e outros investimentos, como treinamentos. Isso permite entender o retorno financeiro das ações e o quanto a empresa está sendo eficiente. É a chance do RH rever a estratégia de treinamento, por exemplo, e compreender se os cursos estão sendo efetivos e trazendo resultados ou se o dinheiro deve ser realocado para outros recursos.
O clima organizacional ocupa o terceiro lugar na lista básica a ser mapeada. Isso pode ser feito por meio de pesquisas anuais, internas ou por consultoria especializada, que buscam investigar como os funcionários estão se sentindo, como está o engajamento, o relacionamento com a liderança e colegas, e a sensação de segurança psicológica, entre outros aspectos. Essas pesquisas devem ser anônimas e podem ser subdivididas nas pesquisas pulse, um formato mais curto e frequente desse tipo de avaliação.
Essa é outra chance de o RH refinar os dados e entender como eles se comparam entre diferentes públicos da organização. A pesquisa de clima pode indicar um problema específico em uma área ou equipe, exigindo uma ação pontual para aquele público. Nem sempre é preciso uma ação de engajamento para a companhia inteira – o que custaria muito caro. Além disso, o clima organizacional tem impacto direto no negócio: quanto mais felizes as pessoas estão, mais produtivas elas tendem a ser, além de se demitirem menos. Por isso, é essencial ficar de olho nesse indicador.
O quarto índice elementar é o de número de horas extras e banco de horas. Ele pode ser coletado de forma manual, com cada funcionário informando as horas trabalhadas, ou por meio de sistemas automatizados de ponto. Guardar e acompanhar esses números ajuda a identificar problemas como equipes sobrecarregadas ou com baixa produtividade. Uma análise mais profunda permite o RH prever possíveis problemas de saúde na equipe.
Por fim, o quinto indicador de rh básico é o orçamento de RH. É importante acompanhá-lo para que se tenha uma ideia clara do quanto a área de pessoas está recebendo de investimento, os resultados alcançados por eles, e quais as formas mais estratégicas de alocar os recursos. Essa informação dá ao RH a chance de demonstrar para as demais lideranças os resultados da área de pessoas e sua importância para a empresa.
Depois de o RH estar familiarizado com o essencial, pode expandir para outros conhecimentos. Índices mais avançados darão uma visão ainda mais refinada dos desafios e das necessidades do negócio por parte da área de pessoas.
Acompanhamento da quantidade de cargos de gestão que possuem sucessores mapeados e desenvolvidos para assumir as posições quando necessário.
Mensuração do número de feedbacks recebidos pelos funcionários em um determinado período (anualmente ou semestralmente, por exemplo).
Conhecimento do perfil do público interno da organização e o percentual representado por cada grupo minorizado, como mulheres, negros, PCDs.
Análise da contribuição de cada funcionário para o resultado da companhia.
Identificação de profissionais ou áreas mais estratégicas para o negócio e que são difíceis de se repor, e acompanhamento da taxa de permanência desses grupos na companhia.
Como vimos, os números ajudam o RH a ter maior clareza sobre os principais desafios vividos no dia a dia. Além disso, permitem evitar vieses inconscientes, uma vez que as decisões não são mais determinadas pelos achismos de cada líder. Os indicadores ainda possibilitam que o RH domine sua narrativa: Como eram esses números antes? Quais as ações realizadas? E como os números ficaram diferentes depois?
Usar dados, portanto, é acender a luz e enxergar de forma mais clara os possíveis alvos. Não é que eles resolvam, por si sós, todos os problemas. Mas eles podem facilitar – e muito – a tomada de decisões de forma estratégica e objetiva.
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